Quando os desejos não bastam.

Agora nossos problemas pertencem a nós mesmos; agora temos que assumir que tudo a nossa volta é algo incontrolável que acabou nos movendo. Agora temos que cuidar de nós mesmos, dos nossos medos, de nossas culpas, de nossos erros, de nossas loucuras, de nossos desejos e até de quem vamos ser daqui para frente. Não conseguimos carregar um peso tão imenso assim. Sentimos angústia e sofremos de uma crise em nosso próprio existir. Todos os desejos não bastam! Realizamos quase todos; Nós choramos juntos e nós fomos ver até onde nosso sofrimento suportava. Deixamos e fomos deixados por quem mais amamos e acabamos por amar novamente; até que fomos iludidos e iludimos também outras tantas almas iguais que sentiam tanto vazio quanto as nossas. Todos os desejos não bastam! Realizamos quase todos os papéis, nós já fomos os mocinhos comportados e os vilões mais odiados. Não encaixamos na peça, as pessoas nunca entendiam nada do que fazíamos. Fomos tão amigos, tão íntimos e sabíamos tanto um do outro; a cada ideia um pensamento vinha a imagem, em cada esquina da cabeça uma ponta da ideia de você surgia. Fomos tão crianças que acreditamos nas fantasias. Uma criança quando vê a outra pequenina já deseja brincar; como são inocentes como um amor, como quando amamos alguém que achamos ser o que não é. Alguma menina dizia saber ser uma princesinha meiga e ao mesmo tempo agir como uma mulher que adora sexo. E assim conseguia dominar um homem. Triste mundo em que pessoas agem muitas vezes sem o sentimento do que é certo, mas em função só do que lhe convém. Quando acabar estes desejos, recorremos ao sentimento! Quando acabar nossas escolhas insensatas e nossa insanidade em fazer bobagens e em dizer outras tantas bobagens. Quando os desejos não bastam, nós nos rendemos ao sentimento.