segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

A cruz dos poetas.

Carreguei-a ontem, hoje e amanhã. 
Sob os meus ombros, ela ficou velha e feia,
Chata e começou a discordar de meu modo de ser;
Antes era bela como uma princesa, atenciosa
Como um senhorita educada pela corte britânica! 
Eu juro que ela era a mulher mais bela e educada
Mais generosa e carinhosa do mundo! 
Eramos escravos um do outro, onde quer que íamos
De cinco anos para cá ela ficou velha! Insuportável! 
Agora sai sozinha, e diz que não sou grande coisa.  
Carreguei-a com ciúmes e mais ciúmes, 
Todos olhavam, seus belos traços definidos ou ao menos eu via assim.
Quem se aproximava queria algo dela, e ela sabia encantar!
Carreguei-a todos os dias bons e ruins, e compartilhei
sua dores e suas angustias; ela também de todas as minhas.
No começo ela era perfeita no ponto encontramos uma cidade
perdida, cheia de ouro e belezas naturais em volta; onde
tudo é de fácil acesso e que ter prazeres podíamos ter quando quiséssemos.
Ela agora se queixa do que antes elogiava, e diz que foi
minha escrava; como se eu não fosse o mesmo dela. 
Se a liberdade é uma prisão o amor também o é; mas como disse
num texto antigo: há prisões que valem a pena. 
Carreguei os sonhos dela, e ela os sonhos meus - realizamos
quase tudo que queríamos e agora ela parece que se esqueceu!
Porque estou velho também, e velhice consiste e existe dentro da alma.
Não nas rugas e doenças adquiridas, e eu também estou feio,
pesado e sem agilidade de outrora! 
Sob os meus ombros ela é melhor coisa que me aconteceu desde quando compreendi um pouco mais da vida e do que é amar alguém!
Depois dela tanto se queixar; reconhece que embora haja outros
homens e outros caminhos, eu sou o melhor deles.

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