domingo, 6 de maio de 2018

Ela trabalha até às oito.

E muito difícil para o ser humano deixar de acreditar em tudo aquilo que ele acredita ser real e verdadeiro; no instante em que alguém  revela que aquilo que tanto acreditamos não faz parte da verdade; mas sim que era somente parte das nossas ilusões atingindo o nosso castelo real, sólido e maravilhoso. Desmorona os nossos objetivos e as nossas crenças de que tudo tem um sentido e também algum propósito. Algumas vezes a decepção e má sorte outras tantas é canalhice alheia, também podendo ser expectativa exagerada por sentimentos profundamente sensíveis pela nossa falta de amor. Aos poucos vai gerando uma descrença, uma desesperança dentro da gente. Calejados e insatisfeitos procuramos nas coisas simples, satisfazer a complexa vontade que falta, que deixa nossa vida meio assim sem jeito.  Entretanto o que é viver o certo? Difícil dizer realmente, mas o que acreditamos e o que nós torna de fato reais, sinceros, vivos e acima de tudo faz trilharmos um caminho conscientemente sem desviar de nossos sonhos, desejos e realizações. Ela deixou de ser boba e junta o que há de bom e caminha sem dizer adeus. Se esconde embaixo de uma marquise, começam a cair sobre suas bochechas rosadas e sob seus olhos gotas pequeninas de todo sentimento perdido em um instante. A chuva avisa que dependemos tanto de nossas escolhas, assim como decidimos se vamos nós molhar ou não. Ela não deseja se molhar; chama um táxi se dirigindo para sua casa sem saber se primeiro rasga as cartas ou se joga fora as flores. Um telefone toca, ela atende e alguém que ela não desejava mais ouvir a voz. Desliga, vai primeiro rasgar sem ler as cartas depois joga fora as flores juntas dentro de um saco negro. O telefone toca novamente, ela o retira do gancho. Ela está um pouco atrasada para sua rotina, e resolve criar uma outra. Ela é a moça que trabalha até às oito e diz não ter mais tempo para nada. Ela é aquela moça que guarda sonhos, e que diz não acreditar mais no amor verdadeiro; porque alguém mostrou que ele não existe - e que tudo só existia dentro dela. Ela é a moça que aprendeu inglês com canções e filmes de amor; e que sonha meio sem querer que há amor quando um dia quem sabe a verdade vencer e o coração dos homens entender; que ninguém pode deixar de acreditar no fundo que tudo pode mudar e que podemos de verdade sermos um pouco mais felizes que seja; com sentido e razão para sermos - nós seremos os que cantam e choram, os que beijam e namoram sob o luar e entre as estrelas. Ela é a menina que passa meia hora arrumando o cabelo no espelho e faz o café pela manhã.    

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