domingo, 18 de dezembro de 2016

Almas e corpos. (Entre valores e preconceitos).

Então disseram que ela tinha algo que considerava valioso; seu corpo não havia
tocado o outro de forma em que pudesse ter prazeres íntimos - E por isso ela achava que tinha o direito de humilhar a todos os outros - achava que tinha o direito de fazer o que bem entendesse então. Achava que posar de boa menina ou de que dar risadas de suas trapaças a faria alguém especial de alguma forma. Não tinha respeito pelas coisas mais simples; Não tinha a verdadeira pureza da Camponesa que por muitos defeitos que possa ter - era leal, fiel, capaz de mudar o universo se fosse preciso apenas por um amor 
de verdade. Chorava quando enganada e ficava alegre quando podia sonhar. Quando dizia algo - não era uma enganação, uma falsa moralidade, não era um falso respeito - era sempre sinceridade e sentimento verdadeiro. Aprenderam com os pais a serem princesas de verdade e a como tratar os homens, não precisavam se esconder atrás de nada para serem o que realmente são. Não se fingia ser o que nunca foi. Formaram uma legião de religiosos e disseram que o corpo vale então mais do que as almas, logo eles que acreditam mais na outra vida do que nesta; Pois diziam eles se sujarem o corpo estariam sujando sua alma; quanta bobagem, quantos preconceitos, quanta falta de vergonha teria uma menina de pelo menos não ser falsa, cínica ou de enganar todo mundo como uma víbora traiçoera que engana o coração e os sonhos dos mais nobres homens. Por acaso
teria nobreza apenas por isso? E o que isso tem de nobre se não tem vergonha de ser uma alma suja que além de enganar e capaz de dizer que ama qualquer um que tenha aprendido a bajular alguma qualidade que ela não possui. Mas muito mais nobre é a camponesa, que é verdadeira porque vive e pratica seus princípios e não os finge para depois se esconder atrás de altares, ou de coisas infantis, procurando em meio a isto algum valor para adquirir em si mesma algo, já que sua alma não tem valor; nem palavra e tudo é falso mesmo quando parece ser verdadeiro.  

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